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25 February 2012

Análise computacional de escritas – 2

Na Faculdade Nacional de Engenharia da Universidade de Sfax, na Tunísia, sob a direcção do Doutor Adel M. Alimi, funciona desde 1997 o REGIM, “Research Group on Intelligent Machines”. Segundo a descrição na página de apresentação, o grupo dedica-se à pesquisa e desenvolvimento de máquinas inteligentes.

Uma das equipas/linhas de investigação, Intelligence knowledge of figures and Manuscripts, trabalha sobre manuscritos, explorando processos de reconhecimento automático de padrões e detecção de características gráticas. Cito:
We can introduce the following fields: 
  • The recognition of the Arabic writing, 
  • the knowledge of numbers, 
  • modeling of the manuscript wrinting
  • PDA, 
  • Arabic OCR, 
  • the signature recognition, 
  • automatic processing of cheques and mailing envelopes, 
  • the analysis of ancient documents… 
  • Segmentation, classification, combination of classifiers, the extraction of characteristics, advanced classification, learning…
Esta equipa publicou em 2006 dois artigos (ou um artigo em duas versões...) em que se demonsta a utilização da trignometria (especificamente, algo chamado ‘co-ocorrência’) para a classificação de escritas:
  1. «Discrimination des styles d’écriture des manuscrits médiévaux pour la Paléographie»
  2. «Auto-similarité de formes pour la discrimination des styles d’écriture des manuscrits médiévaux»
 (clickar nos títulos para aceder aos .pdf)

23 February 2012

Litterae Caelestes

Desde 2005 há mais uma revista científica, internacional, peer-reviewed, dedicada aos temas deste Quadrivium: Litterae Caelestes.
Dirigida por Fabio Fabio TRONCARELLI (Universidade de Viterbo), coadjuvado por Antonio MASTRUZZO (Universidade de Pisa) e Franco-Lucio SCHIAVETTO (Universidade de Roma), Litterae Caelestes publica artigos, informações, recensões críticas sobre temas de paleografia, diplomática, codicologia e história da escrita (ou, melhor, dos escritos).
Publica um número anual ou bianualmente e vai no número 3.
Tem edição impressa mas está também disponível no repositório digital eScholarship (da Universidade da Califórnia) em http://escholarship.org/uc/cmrs_litteraecaelestes.

1:1 2005
2:1 2007
3:1 2008-2009

19 February 2012

O Livro das Fortalezas de Duarte de Armas

Livro das Fortalezas foi feito por Duarte de Armas, escudeiro da de D. Manuel I, no século XVI. É contemporâneo do Manuscrito de Valentim Fernandes!
Tem desenhos a pena das fortalezas situadas no estremo entre Portugal e Castela e plantas de algumas delas.
Encontra-se no Arquivo Nacional da Torre do Tombo (que em boa hora recuperou o nome), com a cota sugestiva Códices e documentos de proveniência desconhecida, n.º 159, código de referência PT/TT/CF/159.
Disponível na plataforma Digitarq, o repositório digital da Torre do Tombo, em http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=3909707.

«Eeste liuro he das fortalezas que sam setuadas no estremo de portugall ⁊ castella feyto per duarte darmas escudeyro da casa do mujto alto ⁊ poderrosso e serenjsymo Rey ⁊ Senhor dom emanuell ho prymeyrro Rey de purtugall ⁊ dos algarues daquem ⁊ dallem maar em afryca Senhor de gujnee ⁊ da conqujsta ⁊ nauegaçaaom ⁊ comercyo de Ethiopia aRabya persia ⁊ da Jndia ⁊ cet.•»
Fortaleza de Monforte
Planta da fortaleza de Monforte

17 February 2012

O Manuscrito de Valentim Fernandes (c. 1507)

No âmbito do projecto de digitalização de manuscritos da Bayerische Staatsbibliothek de Munique (lista das colecções aqui), está disponível on-line a obra Descriptio Africae – BSB Cod. hisp. 27, mais conhecida pelo nome de Manuscrito de Valentim Fernandes. Valentim Fernandes, “alemão”, um dos grandes impressores do século XVI, terá enviado a Konrad Peutinguer vários relatos sobre viagens de navegação dos portugueses durante o século XV,  cópias de diários de bordo e mesmo da História de Guiné, de Zurara. O códice só foi descoberto no século XIX e foi publicado pela Academia das Ciências de Lisboa em 1940, editado por Joaquim Bensaúde.

15 February 2012

Aviso de abertura de concursos (FCT)

Concurso de Projectos de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico – 2012
Aviso de Abertura
O presente aviso destina-se a projectos de investigação científica e desenvolvimento tecnológico (IC&DT) em todos os domínios científicos.
6. Apresentação de Candidaturas
As candidaturas devem ser apresentadas à FCT, em língua inglesa nas suas componentes principais, em formulário próprio e submetidas electronicamente através do sítio https://concursos.fct.mctes.pt/projectos/.
A apresentação de candidaturas deverá ser efectuada sequencialmente, em função dos quatro Domínios Científicos, nas seguintes datas:
  • 4. Ciências Sociais e Humanidades, com candidaturas abertas entre 3 de Abril e as 17 horas (hora de Lisboa) de 3 de Maio de 2012.

9 February 2012

Modelos de descrição de escritas

DigiPal — Digital Resouce and Database of Palaeography, Manuscripts and Diplomatica — é um projecto liderado por Peter Stokes, paleógrafo inglês e professor no King’s College de Londres. Com o intento de formar um catálogo de centenas de imagens de manuscritos do século XI em letra anglo-saxónica (ou insular), e perante a necessidade de fornecer descrições de (cali)grafias tão completas e uniformes quanto possível, Peter Stokes pretende desenvolver um modelo descritivo das escritas medievais que permita pesquisa em bases de dados semelhantes. As suas propostas (reflexões) iniciais foram publicadas nas seguintes entradas do blog DigiPal:


Além dos comentários deixados por alguns leitores nas páginas do blog, Dominque Stutzmann, paleógrafo francês, investigador no IRHT, responde agora, no seu próprio blog, Paléographie Médiévale, com um texto excelente (a continuar) intitulado “Modélisation des signes graphiques (1)”.

Não se trata “apenas” de Paleografia Digital ou de Digital Humanities (termo que eu muito gostaria de saber como se traduz). Esta discussão vai mais fundo, toca em questões teóricas e práticas da disciplina, questões tão importantes e antigas como a terminologia, a integração do elemento feitura (ductus) na descrição de escritas, os modelos abstractos de categorização e classificação da escrita alfabética...

A seguir, com muita atenção!

6 February 2012

Europeana Regia – website


Um projecto impressionante: a reconstituição de bibliotecas régias. A quantidade de manuscritos que serão disponibilizados na íntegra é espantosa: 874. Uma fonte excelente para fazer estudos paleográficos, para ter acesso a textos e manuscritos de difícil acesso, para observar — com as limitações óbvias — aspectos codicológicos e artísticos.
The principal objective of Europeana Regia is to reconstruct, in the form of a virtual library, the most important European royal collections of documents from the Middle Ages to the Renaissance. This project will provide a means for researchers and the general public to access these rare and precious documents, through platforms such as Gallica, Belgica, Manuscripta Mediaevalia and Europeana, by 2012.

Managed by the Bibliothèque nationale de France (BnF), Europeana Regia unites five European libraries — the Bayerische Staatsbibliothek, Munich (BSB), the Universitat de València Biblioteca Històrica (BHUV), the Herzog August Bibliothek, Wolfenbuttel (HAB) and the Koninklijke Bibliotheek van België – Bibliothèque royale de Belgique (KBR) — and concerns almost nine hundred manuscripts that are representative of the political, cultural and artistic history of Europe.

This project focuses on three sets of manuscripts which are currently dispersed among different member States: Carolingian manuscripts, the manuscripts of the library at the Louvre in the time of Charles V and Charles VI, and the library of the Aragonese Kings of Naples.

5 February 2012

Call for papers

Colloque international Les Cisterciens et la transmission des textes (XIIe – XVIIIe s.)
Médiathèque du Grand Troyes, 22–24 novembre 2012

Tema: Le rôle des abbayes cisterciennes et de leurs collections de livres dans l’histoire de la transmission des textes.

Texto completo do call for papers, disponível em http://www.irht.cnrs.fr/cfp-cisterciens-transmission-textes-troyes

data limite: 15 de Abril de 2012

sugestões de temas
  • Domaines et formes des textes transmis : littérature séculière (classiques, histoire, droit, fiction, médecine) ou religieuse (Pères de l'Eglise, liturgie) ; prose ou poésie.
  • Les Cisterciens et les autres ordres religieux. 
  • Production et organisation des livres (bibliothèque et chancellerie, inventaires de livres des Cisterciens, rôle de l’imprimé…).
  • Les Cisterciens et l'étude (rapports avec le monde universitaire, Ordre cistercien et entreprises d'érudition…).

Les études sur les bibliothèques à partir du XIIIe siècle, dans des périodes moins étudiées par les historiens de l’Ordre, seront bienvenues. Les communications seront données de préférence en français (dans le cas contraire, un résumé ou le texte français de la communication seront distribués au public) et dureront 40 minutes. Une session de présentation de dossiers précis (ex. : rôle des Cisterciens dans la transmission d'un texte unique) sera organisée, avec des communications de 20 minutes. Les propositions devront préciser dans quelle catégorie elles doivent s'insérer.

Les propositions de communication, indiquant le nom et la qualité de l’intervenant, fourniront un résumé de la problématique et du contenu ne dépassant pas 3000 caractères. Elles seront envoyées avant le 15 avril 2012 à Anne-Marie Turcan-Verkerk, coordinateur de Biblifram (endereço electrónico).

4 February 2012

Análise computacional de escritas – 1


Maria Gurrado e Giancarlo Lestingi lançaram a versão beta de Graphoskop, um plugin da aplicação open source de processamento e análise de imagens ImageJ (que corre em todas as plataformas). Graphoskop é apresentado como uma ferramenta para medição de escritas a partir de imagens digitais. Acessível através da página Links ou clickando no nome que encima este parágrafo.

addenda: vd. a ‘visita guiada’ por Néstor Vigil Montes, no seu blog Conscriptio, aqui.

Artigo

Vem mesmo a propósito fazer aqui referência a um artigo colectivo que tem a data deste mês de Janeiro de 2012 mas está há já alguns meses disponível aqui. A revista é Pattern Recognition, o artigo, de A.A. Brink, J. Smit, M.L. Bulacu e L.R.B. Schomaker, intitula-se “Writer identification using directional ink-trace width measurements”.
no sumário:
As suggested by modern paleography, the width of ink traces is a powerful source of information for off-line writer identification, particularly if combined with its direction. Such measurements can be computed using simple, fast and accurate methods based on pixel contours, the combination of which forms a powerful feature for writer identification: the Quill feature. It is a probability distribution of the relation between the ink direction and the ink width. It was tested in writer identification experiments on two datasets of challenging medieval handwriting and two datasets of modern handwriting.
Não sei quanto tempo mais estará neste URL pelo que aconselho que o vão buscar rapidamente.

III – Importante, Interessante, Imprescindível

O blog de Dominique Stutzmann, Paléographie Médiévale (todos os links referidos nestes posts estão também na página Links) é uma mina de informação e uma fonte de reflexão ímpar. De especial relevância para as questões da terminologia paleográfica e de como pensar as formas gráficas, leiam este post:

AAA – ΑΔΛ – Alphabet, Ambiguïté et Actualité (paléographique) : l’ontologie des formes alphabétiques


2 February 2012

Academia Europaea – extractos

Enquadramento: A Academia Europaea (AE) é uma das instituições que aconselha a Comissão Europeia em questões de política científica. Tem-se pronunciado sobre a questão do apoio à investigação em Humanidades no âmbito do programa “The Role of the Humanities in the European Research Area” (ver aqui). O problema é tanto mais importante se atendermos a que, no ‘Sétimo Programa-Quadro para a Investigação e Desenvolvimento Tecnológico’ (FP7) da Comissão Europeia (“o principal instrumento da UE para financiar a investigação na Europa”), em vigor até 2013, o orçamento da «área prioritária» ‘Ciências Socioeconómicas e Ciências Humanas’ é o menor das 10 áreas do programa ‘Cooperação’ (v. folheto de divulgação).
Para quem não teve paciência para ler o texto publicado no post anterior, deixo alguns extractos:
While the public universities have gained greater autonomy to manage their resources, national governments have at the same time set tight(er) limits on public funding. As a consequence, most university authorities now avidly pursue outside funding, which leads to an assessment of academic research and the knowledge generated that is focussed almost exclusively with an eye on short-term economic benefit and research products for the global market. 
Further, the temptation for universities to invest almost exclusively in the ‘immediately profitable’ sectors of university life to the detriment of those perceived as less so, risks a grave unbalancing in the relationship between the applied and the ‘pure’ sciences generally, and especially between those sciences traditionally linked to business and industry (informatics, chemistry, biology, medicine etc.) and the humanities and social sciences.
Most recent European Commission documents on knowledge and innovation, have emphasised the central role of the social sciences and humanities as integral parts of the programme Horizon 2020. (…) However, we feel that there is an implication that these investments in scholarship and education could easily still be prioritised only in their ability to deliver outputs of “economic relevance”, rather than contributing as a cultural and societal good. ‘Innovation’ is used in a technocratic sense and not in the broader sense of intellectual creativity, which forms the basis of all research.
Modern mass universities are increasingly seen primarily through the lenses of costs, performance, number of students and exams. Protocols of benchmarking and statistical indicators applicable to the empirical and to the exact sciences are carried over to the humanities: peer-reviewed journal articles outweigh monographs, the name of the publisher, the number of citations, the impact factor of a journal reputation, and whether a publication is international or national, become all-determinative. As a result, smaller fields and subject disciplines become marginalized, and in many instances are phased out altogether. Larger fields and disciplines that do not ‘deliver’ along the lines of the preferred ‘industrial model’ are stripped of research funding and reduced to rote teaching of ever larger groups of students.
Especially important in this regard, is the preservation of research and teaching in the so-called ‘small subjects’ – not limited to, yet primarily in the Humanities and Social Sciences - which because of the economic and institutional pressures outlined above risk disappearing unnoticed state-by-state. (…) Many, if not all the smaller subjects mentioned, will simply cease to be studied if in Europe we abandon their pursuit
Recommendations 
Taking into account our assessment of the current situation of European research in the Humanities and Social Sciences as outlined above, the AE recommends to all concerned: 
1. to re-consider the issue of the evaluation of research in the Humanities and Social Sciences, discussing the use and abuse of bibliometrics, impact factors and peer-review criteria, for it is apparent that papers written by non-Anglophone scholars from institutions outside of the Anglophone world have significantly less chance of being accepted in international journals that the main metrics databases utilise;